domingo, 9 de junho de 2013

Rockviews: The Winery Dogs

Por Leonardo Santos

Quando alguém anuncia um power trio formado por Portnoy, Sheehan e Kotzen, a primeira coisa que pode passar pela cabeça do incauto é uma "quebradeira" com solos intermináveis e impressionantes, mas interessante somente para músicos maravilhados com a técnica. Tudo bem, até entendo, mas espere um momento. 

A idéia da banda partiu de Portnoy, que tem se envolvido em inúmeros projetos desde a saída do Dream Theater. Inicialmente, as guitarras e vocais seriam de John Sykes, mas algo não correu bem no meio do caminho e o trio foi fechado com Richie Kotzen. Enquanto que Sheehan é uma verdadeira lenda, amplamente reconhecido como pioneiro e um dos maiores virtuoses do baixo no rock, e Portnoy é aclamado como um dos melhores bateristas da sua geração, Kotzen sempre teve reconhecimento muito mais discreto e alguém desavisado poderia pensar que ele seja o ponto mais baixo do trio. Nada poderia estar mais longe da verdade. Richie Kotzen é um guitarrista extremamente talentoso e com uma enorme capacidade de impressionar com solos rápidos e técnicos, mas nunca se envolveu em projetos exibicionistas, preferindo uma carreira solo fora do mainstream onde privilegia o bom gosto das composições. Além disso, é um excelente vocalista, capaz de fazer belas linhas carregadas de "soul" e "blues", e também ótimo compositor. Ou seja, o cara tem o dom e não é exagero dizer que é um dos artistas mais talentosos do rock na sua geração. 

The Winery Dogs em si, segue um rock clássico, com influências do hard rock dos anos 70, cheio de "groove" e "jazz-rock", com harmonias surpreendentes e de bom gosto. E sim, temos vários trechos onde os músicos fazem coisas extremamente complicadas e impressionantes, mas sem nunca perder o foco na melodia. Não temos, também, músicas longas e enfadonhas, são todas feitas na medida certa. O baixo, para alegria dos fãs do eterno "injustiçado" instrumento do rock, está sempre  bem "na frente", evidenciando o grande trabalho do mestre Billy Sheehan. Portnoy sabe, com maestria, dosar a virtuose de que todos sabemos que ele é capaz, e completa o trabalho de Sheehan de forma magistral. Os solos de guitarra são, ao mesmo tempo, extremamente técnicos e de bom gosto e os momentos onde guitarra e baixo solam juntos valem toda a atenção. Pode-se ver, claramente, a forte influência de Kotzen nas composições e as melodias vocais lembram seus trabalhos solos, o que pode levar algumas pessoas a pensar em falta de originalidade, mas são carregadas de sentimento e muito feitas. A produção, feita pela própria banda, é, ao mesmo tempo, poderosa e cristalina, como um álbum de rock clássico moderno deve soar. 

O álbum alterna baladas cheia de soul, contando com o vocal arrebatador de Kotzen, e "pedradas" rock'n roll carregadas de swing. Estranho que a música Criminal, minha preferida, é, na verdade, um bônus da caprichada versão japonesa. Esta é a música mais "hard rock" do trabalho (entenda o que nós, brasileiros, chamamos de "hard rock"). 

Enfim, The Winery Dogs pode não primar pela originalidade das melodias, afinal, após tantas décadas de estilo, é, basicamente impossível  criar um álbum de rock que soe como algo que nunca ouviu antes, mas dificilmente você verá esta ideia ser tão bem executada, com linhas tão bonitas em todos os instrumentos e tanto bom gosto. 




The Winery Dogs 

Músicas
01. Elevate
02. Desire
03. We Are One
04. I'm No Angel
05. The Other Side
06. You Saved Me
07. Not Hopeless
08. One More Time
09. Damaged
10. Six Feet Deeper
11. Criminal (Japanese bonus track)
12. The Dying
13. Regret

Músicos
Richie Kotzen - vocais, guitarras, teclados
Mike Portnoy - bateria, vocais de apoio
Billy Sheehan - baixo, vocais de apoio



Assista aqui o video de "Desire"


Um comentário:

  1. Escutei partes do cd até agora. A música q mais me chamou a atenção até agora foi a balada Regret. SENSACIONAL. Música maravilhosa, maravilhosa mesmo. Ingressos pro show dia 27 estarão na mão amanhã.

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