segunda-feira, 8 de abril de 2013

Cambista primata, capitalismo selvagem!

Tá bom, então agora em BH temos o nosso novo Mineirão, com toda estrutura não só para grandes jogos de futebol, bem como para receber eventos de grande porte, principalmente atrações internacionais. Produtores animados com a perspectiva, setores envolvidos com a cultura e com oportunidades de negócio idem, e nós, o público consumidor, mais ainda.
Sir Elton John esteve aí e eu perdi! Logo ele, que como já contei aqui no blog, foi um dos responsáveis por eu me desvirtuar e me embrenhar no mundo do rock. Paciência.

Quando fiquei sabendo da notícia de que o também Sir Paul McCartney,  estaria tocando aqui em maio, fiquei bem animado. Outro dia desses vi o divertido The Ronnie Wood Show na tevê paga, onde o enrugado guitar dos Stones convida, a cada episódio, uma celebridade do mundo da música para trocar figurinhas, contar casos e tocar uma viola. Tudo isso sempre regado ao som de uma trilha de primeira.
Sir Paul estava lá, contando casos engraçadíssimos e mostrando músicas e cantores que o influenciaram no início de carreira. Em outra oportunidade, assisti ao quase épico documentário "Sound City" do sr.Dave Grohl, onde Maca aparece ao final para uma jam session cheia de energia, embasbacando todos os músicos presentes pela sua simplicidade e amor à boa música. E se pensarmos em todo aquele legado com os Beatles e também em sua carreira solo, chegamos à uma óbvia conclusão:           "Poxa, vale a pena estar nesse show".
Pensei que seria ótima oportunidade para levar a família - meu quase rockeiro filho de 11 anos, minha pouco rockeira filha de 21 e minha namorada - e aproveitar o show e o talento do eterno beatle, além de conhecer o remodelado estádio. No fim das contas, ia ficar caro - mas valeria a pena.
Não deu nem pro começo. Não deu tempo nem de pensar. A hora que fui raciocinar, combinar, pegar a carteira para escolher qual dinheiro de plástico eu usaria...
Pronto, acabou! Ingressos esgotados. Como assim?
No estádio, algumas longas filas em poucas bilheterias físicas também se dissiparam rapidamente.

Foto: divirta-se.uai.com.br

Ah, mas ainda temos o Rock In Rio 2013. Metallica, Iron Maiden, Slayer, Bon Jovi...
Pensamento de mineiro: "Uai, quem sabe né? Rio, praia, futebol, mulher e rock and roll".
Ingressos igualmente evaporados, escafedidos, esgotados. Para alguns dias do festival, em menos de duas horas.
"Calma, existem alguns sites que sempre aparecem ingressos disponíveis para vender" me disse alguém. Isso mesmo, senhoras e senhores. A sacana da internet conseguiu produzir e inventar uma nova categoria profissional: os cambistas virtuais.
Virtuais e bem profissionais! Sites linkados em sites oficiais, tudo muito certinho e visualmente arrumadinho. O preço lá nas alturas, quem dá mais em leilões a mil,  e você ainda recebe seu ingresso ou vaucher na comodidade de seu lar. Legal, né?
Cheguei a ler um post numa rede social da moda, em que uma amiga de um amigo meu o tranquilizava, dizendo a ele que relaxasse pois ela tinha comprado um monte de ingressos pros dias de metal e rock do festival, e ela poderia vender pra ele. Claro que com algum lucro. Cambista amiga virtual!

E a profissão parece não ser exclusividade do terceiro mundão. Essa semana, ao darem o sinal verde para as vendas de entradas do tradicional festival de Glastonbury, foram necessários apenas três minutos para que se esgotassem todos os ingressos para a apresentação de Mick Jagger e cia. Eu disse TRÊS minutos!!

Aqui no Brasil, não duvido nada de que já existam empresas, grupo de pessoas, o irmão nerd mais novo, todos ali grudados no PC, esperando ansiosamente o tiro de largada e empunhando listas e mais listas de CPFs, para que possam comprar, com cartões e limites obesos de gordo, dezenas e centenas de ingressos. Lucro fácil e garantido!
Bão também para os produtores, já com os bolsos cheios. A rede garante rapidez no enriquecer de suas contas, praticidade na logística dos ingressos e garantias imediatas em suas aplicações financeiras.
Soluções? Na verdade, confesso que não consegui pensar em nenhuma. Quem deveria nos dar são os próprios - afinal, os mais de 50.000 sortudos que conseguiram ingressos para ver Sir Paul aqui em Belo Horizonte, pagaram e muito! Cambistas ou não!

Daqui a pouco teremos Copa do Mundo. Será que o cidadão comum vai conseguir ter acesso ou vai vislumbrar só de longe a remota possibilidade de ver algum jogo no Mineirão, e de preferência da seleção amarelinha?
Será que nessa era da rapidez da transmissão de dados, nós, meros mortais, vamos continuar idolatrando de longe, de bem longe, nossos caros e inatingíveis ídolos?
Será que nós, meros e quarentões mortais, vamos ter que nos contentar com shows de médio porte nos "Halls" da vida, de bandas que já passaram e muito do auge?
Ou será que vamos chegar a um ponto em que conseguir comprar um ingresso para um show internacional será igual a ganhar na loteria? Será?

Numa era de big data, redes sociais, internet em alta velocidade e um capitalismo muito mais selvagem, CUIDADO! 
O cambista primata pode te pegar!


Foto: sportgamers.wordpress.com 



Nenhum comentário:

Postar um comentário