domingo, 24 de fevereiro de 2013

A árvore púrpura - Parte 1

Inspirado pela fantástica resenha e pela certeira indicação da última seção Rockviews, resolvi escrever sobre uma das árvores genealógicas mais interessantes e abrangentes do mundo rock: a família Purple.

Tudo começou pra mim com o clássico "Made in Europe", lá nos idos de setenta e tantos. Desde lá, sempre me interessei pelo Deep Purple e suas formações clássicas, ou nem tanto, bem como suas variadas e improváveis ramificações. Como são muitas, aqui vai a primeira parte...

Penso que podemos começar mencionando de onde vieram os componentes que integraram a formação conhecida como MK I e que gravou os primeiros registros como o Purple. Diz a lenda que o protótipo do que viria a se transformar numa das maiores bandas de rock já criadas, surgiu do sonho e imaginação de um certo doidão chamado Chris Curtis. Em meados de 1967, ele convenceu dois empresários locais, Tony Edwards e John Coletta, a financiarem e apoiarem uma ideia maluca de se formar um super grupo. Doidêras a parte, o que ficou claro pros caras foi a química que já surgia entre um certo tecladista chamado Jon Lord e um guitarrista esquisitão chamado Ritchie Blackmore. Lord vinha de várias bandas um tanto obscuras, a se destacar uma tal de Santa Barbara Machine Head (coincidência esse nome, não?) que tinha ninguém menos do que um magrelo Ron Wood nas guitarras. O mais preto também vinha de vários projetos e bandas sem expressão, como o Lord Sutch's The Roman Empire e por último, outra coincidência nos nomes, a alemã Mandrake Root. Pra fechar o line up, chegaram vindos do The Maze o baterista Ian Paice e o vocalista Rod Evans, e o experiente baixista Nick Simper fechava o quinteto vindo da banda Johnny Kidd & the Pirates. Com a formação estabilizada, trocaram o nome de Roundabout para Deep Purple, que era o nome de uma baladinha que a avó de Ritchie costumava cantar para ele. Três álbums foram registrados com essa formação que durou até julho de 69: "Shades of Deep Purple", "The Book of Taliesyn", e o homônimo "Deep Purple". Evans e Simper , depois de ganharem uma alforria não desejada, seguiram seus rumos, respectivamente, nas bandas Captain Beyond (com ex-integrantes do Iron Butterfly) e Warhorse.


Vindos do Episode Six, Ian Gillan nos vocais e Roger Glover nas quatro cordas, chegaram sorrateiramente e, com muita competência e talento, começaram a deixar sua marca no que para a maioria é "A" formação do Deep Purple. Depois de muito trabalho e um megalomaníaco projeto capitaneado por Lord conhecido como "Concerto for Group & Orchestra", o sucesso e reconhecimento veio finalmente com o agressivo "In Rock". Mas o famoso MK II  veio a ficar mundialmente conhecido com o clássico "Machine Head" que trazia "Highway Star", "Space Truckin'""Smoke on the Water", até os dias de hoje considerado o riff de guitarra mais reconhecido e tocado de todos os tempos. Numa turnê extremamente bem sucedida pela terra do sol nascente, alguns shows foram registrados e lançados no famoso e extremamente bem sucedido álbum "Made in Japan", um marco nos discos de gravações de shows ao vivo. Desgastes internos e exaustão causada por turnês incessantes foram os motivos alegados para que Gillan e Glover pulassem do barco em Julho de 1973, deixando ainda para os fãs os excelentes "Fireball " e "Who do we think we are?". Gillan se manteve recluso até o final de 1975 quando começou a Ian Gillan Band, que dentre algumas formações teve em seu cast nomes como John Gustafson (baixo) e Micky Lee Soule (bateria), além de contar com Glover em algumas participações e produções. Este, por sua vez, se embrenhou em projetos de produção como em álbuns do Nazareth e do ELF (a banda de Ronnie Dio pré-Rainbow), além do clássico projeto show-opera "The Butterfly Ball", até mais tarde ser recrutado por Blackmore para novamente comandar o baixo em futuras formações do Rainbow.





Aguardem em A árvore púrpura-  Parte 2: MK III e MK IV - cavalos alados, heroína e o primeiro fim !



Assistam aqui a uma performance histórica do MK II...



Um comentário:

  1. MKII é muito marcante. In Rock, Fireball e Machine Head são impressionantes. Como dizia Salim sobre Led Zeppelin, não preciso escutar mais. Estão gravados na ROM do meu cérebro.

    Das ramificações com ex-integrantes, gosto demais do Captain Beyond. Quando as coisas começam a dar errado na minha vida, começo a cantar "Dancing Madly Backwards" e tudo fica melhor.

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